Outubro Rosa: Hábitos saudáveis podem evitar parte dos casos de câncer de mama

Por: Larissa Martin

O mês de outubro simboliza, internacionalmente, o período de conscientização para o controle do câncer de mama. O Outubro Rosa foi criado no início da década de 90, pela Fundação Susan G. Komem for the Cure e, desde então, o movimento é celebrado anualmente, com o objetivo do compartilhamento de informações e promoção da conscientização sobre a doença. Além disso, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a ação também proporciona um maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento, a fim de contribuir para a redução da mortalidade. 

Segundo a ginecologista e obstetra, Gabriela Bezerra, o câncer de mama não tem uma causa única. Pode variar entre causas externas e internas. "Ela é uma doença causada pela multiplicação anormal de células da mama. Não existe apenas uma origem, é multifatorial e possui diversos fatores de risco, dentre eles, genéticos, ambientais e hormonais", explica. Porém, de acordo com a ginecologista, algumas condições podem aumentar o risco. Entre eles, estão a obesidade e o alto consumo de bebidas alcoólicas, por exemplo. Além disso, a primeira menstruação antes dos 12 anos e uma menopausa tardia, após os 55 anos, podem ser um fator de agravamento. "Casos de câncer em parentes de primeiro grau antes dos 50 anos de idade e alterações genéticas familiares, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2, também fazem parte da lista", conta a doutora. 

O oncologista Dr. Gustavo Buscacio, da Rede Silvestre de Saúde, explica a respeito dos sintomas mais comuns da doença. Dentre os sinais, alguns merecem atenção, como as alterações no seio. “A maioria dos casos se apresenta com um caroço ou nódulo na mama e, outros sinais que servem de alerta são as alterações no mamilo, nódulos na axila, saída espontânea de líquido pelo mamilo ou mudanças na pele do seio, como vermelhidão e outras reações”. 

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) define o câncer de mama como uma doença causada pela multiplicação desordenada de células de mama. Esse processo gera células anormais, que formam um tumor. Existem vários tipos de câncer de mama, fazendo com que a doença evolua de diferentes formas, podendo ter desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem mais lentamente. "Os tipos mais comuns de câncer de mama são o carcinoma ductal invasivo, que corresponde de 70% a 80% dos casos, e o carcinoma lobular invasivo, com um índice de 10% dos casos", conta o Dr. Gustavo Buscacio. 

A doença pode ser diagnosticada desde o começo, aumentando então as possibilidades de tratamentos menos agressivos e maiores taxas de cura. Além disso, o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rastreamento seja feita por mulheres entre 50 e 69 anos a cada dois anos. Para o oncologista, o ideal seria fazer o exame a cada um ano, a partir dos 40 anos. “O diagnóstico precoce está relacionado com uma maior chance de cura, podendo ser acima de 95% para tumores de até 1 centímetro. Todas as mulheres devem fazer mamografia de rastreamento uma vez por ano a partir dos 40 anos, conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia”, explica. 

A médica mastologista Alice Francisco conta que uma outra forma de detecção do câncer de mama é o autoexame. A doutora explica sobre a importância do procedimento mensalmente. “O autoexame é uma boa forma de conhecermos nosso corpo e descobrirmos se tem algo de errado com ele. Podemos detectar nódulos, verificar se está saindo secreção pela mama, alterações na pele e formato da mama, por exemplo. Deve ser feito mensalmente após a menstruação ou em uma data específica caso a mulher não menstrue”, conta. O autoexame, no entanto, não substitui o exame clínico e nem os métodos de imagem, que devem ser regulares conforme a indicação dos médicos. É importante que a mulher saiba sempre quando deve procurar por ajuda médica, tanto para diagnóstico quanto para cuidados preventivos. “Mulheres com histórico familiar de câncer de mama por exemplo, devem ter o acompanhamento do mastologista. E, mulheres que desejam fazer seu exame de rotina com o especialista de mama, podem fazer com o cuidado do profissional também”, explica a doutora. 

O câncer de mama também pode acontecer no sexo masculino, mesmo que seja raro, sendo representado por 1% do total de casos da doença, ou seja, a cada 100 mulheres, 1 diagnóstico é feito em homens. A mastologista reforça a necessidade de observação aos sinais do corpo. “É importante que os homens saibam da existência da doença e observem qualquer alteração, buscando ajuda também. Não existe indicação para rastreamento ou exames de rotina de forma geral, mas vale ficar atento ao sinais do corpo”.

Prevenção

Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis, de acordo com o INCA.  O oncologista Gustavo Buscacio explica: “A prevenção, assim como diversas outras doenças, pode ser feita com a mudança nos hábitos de vida, como por exemplo, a escolha por uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas, assim como evitar o uso do cigarro e o consumo de bebidas alcóolicas”. 

Outro fator que também colabora para a prevenção, e que muitos não sabem, é a amamentação. A ginecologista Gabriela Bezerra conta que há estudos que demonstram que a amamentação exclusiva e prolongada é um fator protetor, que pode reduzir o risco da doença nas mulheres. “Em uma metanálise da International Lactation Consultant Association, publicada em 2017, observa-se que a amamentação exclusiva teve efeito benéfico comprovado entre todas as modalidades de amamentação. Isso se deve a pausa hormonal a que os receptores mamários de estrógeno e progesterona são submetidos durante a amamentação”, explica. 

No site do Instituto Nacional do Câncer está disponível a quinta edição da Cartilha do Câncer de Mama, feita com o objetivo de esclarecimento de dúvidas para rastreamento e detecção precoce da doença.  

Novos conteúdos

Relacionados

Relacionados